07/05/2015

FRACASSO ESCOLAR- folha de Londrina

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19

 

 

 

      

 

 

 

 

FRACASSO ESCOLAR

Ele está diretamente ligado a um círculo vicioso que começa na casa de cada Criança.

 

Londrina é uma cidade que vem se expandindo dia a dia. Não podemos negar a existência de bairros em condições precárias, devido em grande parte a incapacidade do núcleo urbano em receber os elementos que se deslocam para ele.

        Estas pessoas vêm em busca de melhores condições de vida repleta de esperanças e fantasias. Buscam uma vida melhor, com a grande certeza de plena realização.

        Ao se depararem com os grandes centros urbanos, começam a louca procura por um lar para morar e consequentemente de um emprego para sua sobrevivência. Com o decorrer do tempo, começam a perceber que tudo aquilo que haviam sonhado tende a desaparecer, desabando diante de seus olhos, a realidade torna-se bastante cruel. O lar que procuram não consegue encontrar, pois os preços cobrados são elevados para que possam pagar. Os empregos são poucos em função da

 pessoa não apresentar qualificação adequada exigida pelo empregador, ou há excedente mão de obra. Com esse quadro que se apresenta estes vão fixando-se na periferia da cidade e até favelas. Lá conseguem moradia considerando-se que o valor é bem mais baixo no aluguel e demais complementos. A partir daí surge então um círculo vicioso: O indivíduo não consegue emprego, começa a desenvolver sintomas de agressividade, pouco qualificado para o trabalho e assim por diante. São pessoas totalmente carentes, vivem em um ambiente precário e são privadas das coisas mais simples a que todo ser humano tem direito em sua vida.

        As crianças ao desenvolver-se nesse ambiente, tornam-se marginalizadas, crescem “soltas”, sem o mínimo de orientação necessária. São carentes afetivamente, não recebem carinho nem afeto dos pais considerando-se que estes não têm tempo e estão sempre sob tensão e também não possuem referencial em sua descendência de terem recebido afeto.

        Não frequentando, na maioria das vezes a escola ou então iniciam os estudos e ao primeiro fracasso escolar desistem.

        As causas do fracasso escolar são inúmeras, mas nesse artigo a  análise e de uma clientela especificamente subdesenvolvida.

        Para quem não aprende a ler e escrever está traçando para sua vida a vedação do caminho a profissões melhores remuneradas. A criança com fracasso escolar segue um caminho quase que predeterminado. Ir mal na escola causa frustração, essa criança frustrada passa a atuar de modo anti social inclusive na própria escola. Ela falta às aulas são indisciplinadas (até por não acompanhar o conteúdo) suas notas são baixas e como consequência recebe a punição, surgindo novas frustrações. Partindo desse pressuposto não é difícil imaginar como fica a autoimagem dessa criança que como resultado vai ficando rebaixada passo a passo.

        Uma vez estabelecido esse comportamento não restam muitas saídas. O aluno pode ser expulso da escola ou se evade e consequentemente irá aprender e realizar atos ante sociais fora da escola. Muitas vezes o fracasso pode estar relacionado à desnutrição, a criança torna-se fraca, é mal nutrida e obviamente o rendimento escolar decresce consideravelmente. De posse de sua realidade essas crianças vão vagar pelas ruas, brigar com os colegas adquirindo maus hábitos que podem chegar ao uso de drogas. Viciam desde tenra idade e aqui novamente repete-se o ciclo vicioso: Desemprego, agressividade, delinquência, drogas, roubos e assim sucessivamente...

        Essa realidade assusta um pouco aos educadores, no entanto eles frisam que somente aqueles que estão em contato com essa condição de vida pode sentir na pele o quão difícil é a sobrevivência. Valores como respeito, dignidade, amor são abolidas do cotidiano afinal estão voltados para algo muito mais significativo; que é manter-se vivo, seja lá como for.

        Esse relato surgiu a partir de experiências realizadas com grupos de pais em que a maioria viviam em favelas. Houve uma primeira etapa que foi a observação dessas crianças portadoras de déficit na atenção e consequentemente com dificuldades em aprender então relacionou-se as dificuldades dessas crianças à dinâmica familiar que enfrentavam. Grupos de pais foram convocados com reuniões semanais para que pudesse se perceber mais precisamente e de perto o meio no qual elas conviviam.

        Nos meios educacionais a família é vista como a principal responsável pelo fracasso da criança; Tal fato não deixa de ser uma das realidades. Criticar ou julgar não ajuda muito considerando- se que ao se aproximar dessa população compreendemos então os diversos motivos que levam a isso.

        Percebe-se que até a natureza influencia suas vidas; diante de um menor sinal de tempestade, trovoadas ficam apavorados ante a possibilidade de verem seus barracos destruídos; Os tais barracos não tem estrutura alguma. Alguns pais relataram que ao iniciar um temporal, colocam os filhos (que não são poucos) embaixo de algo que possa oferecer maior proteção como debaixo da mesa, da cama...

        Tais famílias desconhecem o que é o desenvolvimento da criança como um todo logo utilizam-se de punições severas chegando a causar inclusive danos físicos irreparáveis afetando a partir daí todo o desenvolvimento biopsicossocial trançando par suas vidas uma partida emocional sem volta.

        A agressividade recebida por essas crianças é passada adiante; para seus filhos e outras pessoas vem a sofrer os danos.

        Observa-se nos receptores desse tratamento um medo neurótico e grande ansiedade além da insegurança que lhe é peculiar com relação a sociedade. Muito dessas crianças ao se sentirem hostilizadas em seu próprio meio (favelas) reagem com comportamentos agressivos e até homicidas. O estímulo principal é a violência e são levados a praticar, quanto mais praticam mais recebem de volta, estamos aí repetindo o círculo vicioso.

        Considerando-se todos esses fatores completaria falando sobre a falta de diálogo. O diálogo é praticamente inexistente tanto dentro como fora da própria família, o vocabulário é pobre acentuando mais ainda a situação dessas pessoas que passam a conviver com a solidão e frustração, deixando de ser um indivíduo que vive dentro de um grupo e percebe o impedimento imposto ele de desfrutar de um relacionando afetivo, sente- se cercado e perseguido pelos demais, trazem em suas mentes o pavor e estão sempre na defesa.

        Ao ouvir o depoimento de alguns pais que se sentiram hostilizados e em perigo trancavam-se dentro de suas casas, amedrontados aumentando ainda mais o isolamento de todo um convívio social.

        Os ilhós ao presenciarem toda esta dinâmica, só tem uma solução considerada eficaz em suas mentes; agredirem ao meio social onde vivem. A sociedade por outro lado abafa e tenta esmagar esse instinto agressivo. Fica aqui uma questão: O que fazer considerando-se tais fatos como as famílias que tem motivos para tal e a sociedade que necessita se defender?

        Sempre ouvimos debates maravilhosos no que tange a favelados e delinquentes, mas pouco se ouviu do próprio favelado, não se solicitou sua presença em debates para que ele opinasse sobre possíveis soluções. Possivelmente eles não apresentariam um vocabulário adequado quanto os mestres em educação, mesmo assim com um repertório verbal precário poderiam oferecer subsídios em responder a pergunta feita anteriormente.

        Os educadores poderiam discutir soluções no sentido de melhorar o repertório verbal dessas pessoas. A discordância entre educadores e família continua, a linguagem é diferenciada e não há uma conexão no entendimento mesmo porque os ânimos se alteram de ambos os lados. Como poderiam os educadores apresentar maior motivação para que esses alunos desistentes frequentem a escola? Penso que a resposta está com eles.

        Outro fator escolar é a crueldade infantil entre eles, a necessidade de humilhar ao que seja diferente em algo tornando-se motivo de riso. Ser motivo de riso e chacota soma-se no aumento da agressividade e vergonha, sentem mais uma vez a rejeição da sociedade trazendo a tona um desejo mórbido de vingança.

        A alimentação tem sido ainda um dos motivos para que população carente frequente a escola, satisfazem suas necessidades, no entanto não deixa de ser mais um motivo de humilhação (segundo eles).

        Neste grupo de pessoas aqui descrito as doenças são marcantes, tem a falta de higiene desencadeada por condições matérias também precárias. A atenção pública vem se voltando lentamente para a problemática em questão e que infelizmente acabam caindo em um protecionismo assistencialista. Não formam seres...

 

Artigo escrito por mim em 25/11/82- folha de Londrina e reescrito em 09/11/2014 – por MARIA FERREIRA DE ALMEIDA.

QUINTA FEIRA- PAG. 19