TIQUES
Distúrbios e Síndromes da Motricidade geral.
TIQUES - É um movimento involuntário que a pessoa faz completamente sem querer ou depois de sentir uma sensação estranha. Ele tem que descarregar. É difícil de controlar, mas pode ser controlada por pouco tempo. Se for muito intenso ou se a pessoa tiver mais de um tique e eles atrapalhem a rotina chamamos de doença. Os mais comuns são os simples que envolvem um grupo muscular, piscar os olhos, fazer caretas, levantar o ombro. Esses são todos tiques motores. Os tiques vocais são barulhos simples como pigarrear ou repetir uma silaba.
Os tiques nervosos são contrações involuntárias rápidas, repetitivas e estereotipadas, surgem subitamente não seguindo um padrão idêntico para todos os casos de um grupo de músculos. Eles podem ocorrer através de movimentos corporais, vocais...podem ser intensos ou suaves. Quando suaves eles podem passar imperceptível aos demais. Não apresentam ritmos determinados. São inúmeros os exemplos que poderiam ser relacionados tais como , piscadelas, movimento de olhos (girar a pupila), movimento de ombros com ritmo determinado ou não.
Pode se dar na forma de emissão de sons que também vão desde um simples solilópio ou falar baixinho (resmungando) como tiques vocais altos, gritar, latir, cacarejar, limpar a garganta, tossir.... Tem diferentes nuances que variam entre o calmo e ansioso...Ha aqueles mais camuflados, como tocar os cabelos, encostar a mão no rosto constantemente, ajeitar a roupa repetitivamente sem conseguir evitar.
Querer estar livre do tique exige um desgaste emocional, motivo pelo qual muitos pacientes desistem ou migram para um tique diferenciado com o mesmo objetivo de diminuir a ansiedade. O tique tende a diminuir com o sono, as vezes com ansiolítico, bebidas alcoólicas bem como em atividades que o paciente venha a obter um superfoco (atenção intensa). Pode ter períodos em que estes aumentam ou diminuem dependendo de fatores internos e externos como estresse, fadiga, ansiedade, euforia, excitação, contrariedades aumentarão tanto a intensidade quanto a forma do tique se manifestar.
Os tiques podem se simples ou complexos.
Os tiques mais simples enquadram-se como manifestações de piscar os olhos, torcer o nariz, fazer ruído com a boca, limpar a garganta, estalar a língua, imitar animais. Quando se apresentam complexos são ritualizados assemelhando-se a compulsões como no TOC (Transtorno obsessivo compulsivo) normalmente acompanhadas de manifestações obsessivas de ideias, pensamentos, imagens precedidas de intensa ansiedade, palpitações, tremores e sudorese, sensação de obrigatoriedade como estivesse deixando de fazer algo sentindo então constante pressão e sentindo a necessidade de descarga. E comum ouvirmos relatos de pacientes de sensações premonitórias táteis, musculares, mentais que antecipam os comportamentos repetitivos.
Os tiques podem manifestar-se também como emissão involuntária de palavras ou gestos obscenos – coprolalia (mais frequente em determinados países, a copropraxia afeta de 1 a 21% dos pacientes em alguns casos ocorre a repetição de palavras ouvidas (ecolalia), gestos observados (ecopraxia) ou da própria fala (palilalia).
Pode ser sintoma da Síndrome de Tourette - identificada quando a pessoa tem tiques motores e vocais. As pessoas podem ter só tiques motores, só tiques vocais ou as duas coisas juntas. Quando ela tem os tiques motores e vocais tornando-se múltiplos chamamos isso de Síndrome de Tourette.
Head Banging - Descrito por S. Gee em 1886, caracteriza-se por movimentos de balanceios de grande amplitude, pode ocorrer de frente para trás ou de um lado para outro. Este tipo de distúrbio manifesta-se mais intensamente em determinados períodos, principalmente aqueles de tensão emocional, chegando muitas vezes este movimento de balanceio ao ponto em que a pessoa bate a cabeça em uma superfície, com golpes violentos ou não.
É muito comum também acontecer no período da noite causando incômodos à vizinhança, pois estes golpes podem ser intensos tanto no tempo quanto na força utilizada. Os estudos revelam que na maioria dos casos não se encontram alterações nos exames neurológicos. Pode ocorrer em pessoas normais e com de inteligência, não apresentando também sintomas psicóticos. Nos estudos realizados com os pais de pessoas com esse distúrbio elas revelam que quando bebê, eles utilizaram movimentos de balanceio para acalmar a criança. Assim como a maioria dos vícios motores, acredita-se que os movimentos de balanceios servem para aliviar a tensão, mesmo em crianças de pouca idade, onde existem tensões relacionadas ao nascimento de dentes, engatinhar e andar.
A média descrita por H. KRAVITZ (1960) é de que iniciar-se-ia em torno de 8 meses aos 4 anos, estendendo-se muitas vezes até 10 anos.
Estas pessoas também realizam movimentos de embalar, provavelmente na busca de redução das tensões. Tendem a desaparecer na pré-adolescência.
Diversas são as explicações de diversos autores sobre as mães destas pessoas, alguns defendem a ideia de que elas teriam uma dificuldade em entrar em contato com seu filho.
Tricotilomania – Consiste em um impulso irresistível de arrancar os cabelos e pelos, não apenas da cabeça, podendo estender-se para pelos das axilas, cílios, sobrancelhas e até mesmo pelos pubianos. O bebê no seu primeiro ano de vida tem o hábito comum de acariciar e puxar os cabelos, é um hábito de seu desenvolvimento. A tricotilomania pode surgir na infância e até mesmo na adolescência, sendo mais comum no sexo feminino. A inteligência dessas pessoas normalmente é mediana ou superior. Vamos encontrar esta conduta também na esquizofrenia grave. O distúrbio pode surgir de um pequeno machucado em alguma região onde tenha pelos e a pessoa começa explorando o local, e estende-se posteriormente para alguma região mais confortável.
Um dos casos de uma criança trazida pela mãe ao consultório relatava que o propósito arrancava fio por fio de cabelo, em outro caso o propósito arrancava o fio mastigava e engolia, o resultado disto foi que o cabelo foi se alojando no estômago, necessitando de procedimento cirúrgico.
Alguns autores descrevem a relação familiar como competitiva e ambivalente, gerando na pessoa dois sentimentos ambivalentes: hostilidade e medo da separação.
Onicofagia – Fenômeno bastante frequente na população. Caracteriza-se pelo ato de roer unhas. O nível intelectual também não influi nesse distúrbio. Pode ocorrer em diferentes idades, à personalidade do onicófago vai desde uma pessoa hiperativa até um autoritarismo. Exteriorizam mal seus sentimentos e estão sempre com alto grau de tensão. Durante o período em que estão no ato de roer as unhas tendem a desligarem-se deixando muitas vezes de prestar atenção no ambiente.
Tal instabilidade serve como alívio de tensão, uma descarga emocional. Em alguns casos a onicofagia serve como autoagressão ao corpo, pois roem unhas e pedaços de cutículas ou até mesmo avançando para a carne em um processo de masoquismo e até mesmo autopunição.
Pode ser um hábito passageiro, como pode perdurar por uma vida inteira.
Tiques
Tiques faciais - Podem apresentar-se de diversas maneiras podendo utilizar a musculatura inteira do rosto, ou apenas pálpebras, como piscar, arregalar o olho ou sobrancelhas.
Tiques de cabeça e pescoço – Meneios, saudação, afirmação, negação, rotação. No passado era descrito como “torcicolo mental”.
Tiques dos troncos e dos membros - Tiques em geral unilaterais, de braços, mãos, dedos, tiques de abdômen, tique de salto.
Tiques verbais – Emissão de ruídos diversos; gritos inarticulados, latidos, cacarejos, sílabas inarticuladas sempre semelhantes. Às vezes podem ser pronunciadas palavras obscenas.
Tiques digestivos – Necessidade constante de ir ao banheiro como se tivesse de satisfazer suas necessidades fisiológicas, no entanto é apenas uma falsa impressão de que precisa urinar ou defecar, salivas abundantes, deglutição.
Alguns estudiosos descrevem os tiques como uma necessidade imperiosa de executar um ato, como uma obsessão. Na maioria das vezes o propósito se sente envergonhado e com a certeza de que está sempre sendo observado pelo tique.
Personalidade dos portadores de tiques: Quando se trata de criança, muitas vezes se apresenta com conduta e comportamento impecável, não dá trabalho aos pais, tem boas notas, por outro lado são ansiosas, e tem alguns traços de neurose.
Outros grupos são de pessoas instáveis, ansiosas, turbulenta, desatenta na escola e em casa, são extrovertidos e simpáticos, o tique é a principal manifestação de dificuldade de adaptação com o meio. Conclui-se que há uma maior incidência em filho único.
Há nestas condutas algo de sado masoquismo. A pessoa se fere, quando internamente possui o desejo ardente de ferir ao outro, é uma raiva contida.
As condutas familiares nem sempre são as melhores com relação aos tiques. A primeira tentativa é de reprimir o tique chamando ainda mais a atenção do propósito sobre o problema, além de provocarem intensos sentimento de culpa.
Os portadores de tiques apresentam perturbações emocionais profundas, muitas vezes apresentando em conjunto outros sintomas.
Diversas são as causas para o desenvolvimento dos tiques, uma delas poderia ser a queima de etapas no desenvolvimento psiconeurológico como um todo.
Os distúrbios psiconeurológicos não estão diretamente relacionados a uma lesão neurológica clássica, são automáticos onde se tem uma consciência do mesmo. Parece estar mais associado ao somático, não apresentando, portanto, uma causa generalizada, mas sim um objeto de estudo individualizado para cada tipo de tique que se instala em cada pessoa.
Encoprese - é definido como “Qualquer defecação involuntária que ocorra em uma criança que já tenha ultrapassado os dois anos” Vamos encontrar adolescentes de até 15 anos com encoprese. A encoprese pode avançar mais na idade chegando com o sintoma até a fase adulta.
Humor oscilante, ás vezes definido como tristeza, angústia sensação de vazio, diminuição do interesse e prazer em atividades que foram ou poderiam ser prazerosas. Depressão.
Ansiedade, ás vezes descrita como um aperto no peito, uma sensação de que algo ruim está para acontecer.
Cansaço, fadiga como se tivesse perdido a energia. Desejo de manter-se afastado de pessoas, conhecidos, parentes ou amigos.
Artigo de Mariah Ferry - do livro em confecção - SiNDROMES E DISTÚRBIOS PSICONEUROLÓGICOS