07/10/2015

SARCOIDOSE

 

 SARCOIDOSE- A sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistêmica de causa desconhecida, descrita pela primeira vez em 1877, também conhecida como doença de Besnier- Boeck- Schaumann, é autoimune. Pode ocorrer em qualquer idade, normalmente visto em adultos abaixo dos 50 anos de idade, mais comum entre 20-40 anos, as pessoas de sexo feminino são mais propensas a desenvolver a doença, afrodescendentes e conta muito o histórico familiar.
            A Sarcoidose é de causa desconhecida, consiste em pequenos nódulos formados por linfócitos, células endoteliais e células gigantes. Os órgãos mais afetados são os pulmões, a pele, gânglios linfáticos, os ossos, olhos e glândulas parótidas. Nessa doença pequenos coágulos de tecido (granulomas) se formam em certos órgãos do corpo dando início a um processo inflamatório podendo resultar na perda do órgão atingido.
            Pode ser assintomático, mas no início apresenta fadiga, febre, inchaço dos gânglios linfáticos, perda de peso. No pulmão surge tosse seca, falta de ar, respiração alta, dor no peito. Na pele apresenta protuberâncias vermelhas localizando-se mais na região de pernas e tornozelos, feridas que podem ser no nariz, bochecha. Mudança de cor na pela para mais clara ou escura, pode surgir nódulos abaixo da pele. Na visão, turva, vermelhidão, dor nos olhos, coceira e sensibilidade a luz. No sistema nervoso; dor de cabeça, convulsão fraqueza em um lado do rosto. A doença pode provocar também aumento do fígado e do baço, inflamação ocular, alterações ósseas e articulares.
            Além das lesões no comprometimento das meninges pode haver lesões isoladas ou múltiplas nos hemisférios. A biópsia dos gânglios, muscular ou hepática pode refletir o diagnóstico
A mente impõe ao corpo múltiplos sintomas, na tentativa de que o eu essência possa resgatar esse corpo e assumi-lo, poderia se recorrer ao histórico do eu pele, no auto tato resgatando a memória, revertendo aquilo que o paciente registrou como linguagem e deixou a nível simbólico. Lembranças, narrativas de tato, do eu pele, como o toque atual poderia ajudar a reverter tantos processos psicossomáticos.
            A imagem do corpo é, portanto, a síntese viva destas três possibilidades, atualizadas constantemente no que Dolto denomina Imagem Dinâmica, que corresponde ao “desejo de ser e de preservar um advir”. A imagem dinâmica não tem uma representação própria, mas corresponde a uma intensidade da expectativa de atingir o objeto, é o “trajeto do desejo dotado de sentido, indo em direção a um objetivo”.
     A pele tem um importante papel na constituição da Imagem do Corpo, pois as sensações táteis são responsáveis pela percepção da existência de um espaço interno separado do externo, o que no processo de evolução leva a percepção da individualidade. As experiências de contato cutâneo mal elaboradas geram tanto a obesidade, como a bulimia e anorexia, são patologias associadas ao não contorno, à não aceitação do limite da pele.  A relação de genitores ou educadores delimitam o interior do paciente, que já traz em si seus desejos e anseios e por si só pode recusar emocionalmente o tato das pessoas a sua volta além.      Anzieu completa esta ideia apoiando-se em Bion para afirmar que o bebê precisa se sentir tranquilo para ter assegurada a integridade do seu “envelope cutâneo”, pois a despersonalização está relacionada com a fantasia de um envelope perfurado e a uma angústia de esvaziamento. A não aceitação não depende na maioria das vezes dos genitores, mas da própria pessoa, mantendo uma recusa velada e sentindo-se violentada em receber um tato químico que considera incompatível com o seu.
     Anzieu propõe a metáfora do Eu   pele a partir da ideia de uma conexão entre o eu (ego) e a pele, derivada da comparação entre estas duas estruturas enquanto suas características e funções, uma no âmbito psíquico e a outra no âmbito fisiológico. Apoia-se na imagem de que ambos são como uma membrana que envolve, contém e limita, separando o interior do exterior, o eu pele de ambos poderiam ser incompatíveis entre si.
     Anzieu relata que “o Eu é explicitamente designado como envelope psíquico. Este envelope não é somente uma bolsa continente; desempenha um papel ativo de colocar em contato o psiquismo com o mundo exterior e de recolher e transmitir informação”.
Freud faz a afirmação “Na aparição do Eu e em sua separação com o Id, outro fator além da influência do sistema desempenha um papel. O próprio corpo e antes de tudo sua superfície, é um lugar do qual podem resultar simultaneamente percepções externas e internas. É visto como um objeto estranho, mas ao mesmo tempo ele permite ao tato sensações de dois tipos, podendo uma delas ser assimilada a uma percepção interna”.
      Anzieu afirma ter constatado que a bipolaridade tátil se torna objeto de exploração por parte do bebê e pode-se pensar que esse desdobramento reflexivo entre sentir-se sujeito e objeto simultaneamente prepara para o desdobramento reflexivo do Eu consciente (a partir da experiência tátil).  Pensar um eu pele integrado, como uma necessidade de base perfeita que mantenha integrado o psíquico ao eu pele.
Quem sabe poderíamos afirmar que muitas das patologias poderiam advir desse desencontro e não aceitação de incorporação neste universo corporal. Não aceitando fica mais fácil viver em um simbolismo, um mundo de fantasias desconectado com a realidade, mesmo porque se estipulou que o físico funciona como uma moeda de troca. Como com a cultura fomos perdendo os instintos, a mídia apoderou-se da tecnologia, levando os seres a distanciarem-se cada vez mais de si. Os portadores de autoimunes, anorexia, bulimia, obesidades estiveram a busca da perfeição real, universal, no entanto a mídia já tinha mudado esses conceitos e novas doenças começaram a aparecer porque o ser humano não conseguiu integralizar o que cultura passou como simbolismo, inverteram o processo. Deixaram como simbolismo a verdade e a verdade como ridículo, a verdade como sinônimo de não ser aceito, logo poderíamos afirmar que a sociedade foi adoecendo os seres que desenvolvem problemas e problemas cada vez maiores. Perdeu-se o foco do eu, fixou-se o foco na matéria, estudando-se muito para resolver os problemas criados. O círculo é vicioso; cultua-se o corpo, rejeita-se as reações táteis advindas daqueles que não consideramos perfeitos, adquirimos o modelo da mídia, ridicularizamos aqueles que mantém os instintos, logo todos estão perdidos em uma busca frenética de que precisamos ser deuses, e não passamos da imagem de submissão de ideias criadas aleatoriamente onde a moeda falou mais alto que o ser. Sem identidade de essência a droga tornou-se necessária, os anabolizantes, nova moeda entrou no mercado. A estimulação dos sentidos precisou ser acelerada e tornou-se insaciável. Estaríamos chegando a um ponto de mutação? Quem sabe o novo ponto de mutação seja exatamente a personalidade do X-tudo, sou tudo e nada......(do livro Síndrome de Pânico ou X- Tudo? Almeida, Maria e outros.